terça-feira, 8 de julho de 2025

Arabescos

 

Imagem Pixabai

Leves arabescos 

tatuados 

na correnteza do instante 

avançam nas brumas 

da urgência do tempo; 

leves arabescos 

nas veredas da existência, 

raízes ávidas, 

velando a face da noite 

nos vestígios da ausência. 

Leves arabescos 

na aspereza dos penhascos 

resvalam para os mares 

em ritmo sincopado 

à sombra de um gesto 

nos lapsos 

da tinta nas pontas dos dedos

como um polvo.


                        José Carlos Sant Anna, 

                                        julho de 2025


17 comentários:

  1. Entre o efêmero e o delicado o poema se entrelaça e escorre para desconhecido , como são os arabescos repetitivos e intrincados.
    Há beleza no que escapa e sensibilidade na ponta dos dedos.
    Como sempre , a minha admiração, meu carinho .
    Com abraços ,JC

    ResponderExcluir
  2. Eros, teus “leves arabescos” dançam entre o efêmero e o eterno. Há algo de líquido e aéreo nesse poema, como se a própria linguagem escorresse por entre rochas e dedos, deixando traços, mas jamais se deixando conter. A imagem do polvo no fim essa criatura de tinta e mistério parece coroar tudo: a escrita como corpo fugidio, memória em movimento, vestígio de um gesto que nunca se apaga completamente. Obrigada por essa passagem
    Leve, sim mas com a densidade dos que sabem escutar o tempo.

    Abraço,
    Nanda!

    ResponderExcluir
  3. Bom dia JC
    Tão belo o desenho destes arabescos, traços efémeros e persistentes, como se o tempo os tatuasse com mãos de vento.
    Há uma musicalidade sussurrante em cada verso, que desliza entre brumas, penhascos e ausências, deixando-nos à deriva no mistério dos gestos não ditos. Um poema que toca com delicadeza... como tinta nas pontas dos dedos.
    Gostei bastante.
    Dia bom com saúde e Poesia
    Deixo um beijo
    :)

    ResponderExcluir
  4. A correnteza do instante, a urgência do tempo, as veredas da existência são arabescos que, em ritmo sincopado nos dizem, na sombra de qualquer gesto, que a memória e o tempo são conceitos que embora se toquem não são a mesma coisa. A memória é uma viagem no tempo, onde o passado nunca passa e de tempos a tempos regressa para reclamar atenção e entendimento. Tão belo o seu poema, meu Amigo José Carlos.
    Tudo de bom para si.
    Um beijo.

    ResponderExcluir
  5. A urgência do tempo e a leveza dos arabescos passando como memoria enraizada de um passado quase presente.
    A tinta nos dedos derrama belas poesias.
    Feliz dia com saúde e paz.
    Gostei muito.

    ResponderExcluir
  6. Acabo de descubrir tu blog, me parece precioso tu poema, te felicito.

    Un saludo.

    ResponderExcluir
  7. Olá!!
    Que texto mais reflexivo esse!
    Pensei em arabescos antigos, de ruínas antigas, que teimam em chegar em nossos dias, e em boa forma, enquanto nossas construções atuais não duram uma geração inteira.
    Pensei nesses arabescos como se fossem tradições passadas verbalmente ao longo do tempo...
    Pensei na memória coletiva...
    Lindo poema!

    Obrigado por compartilhar.

    ResponderExcluir
  8. Querido amigo, José Carlos, que belo poema para arabescos tão lindos e eternos!
    Que arte fantástica, e que bem representa o seu poema que fala do tempo, da existência, e velando a face da noite nos vestígios da ausência. Olha que coisa mais linda!!
    Sempre inspiradíssimo esse meu amigo!
    Levanto e lhe aplaudo daqui, José Carlos!
    Uma ótima quinta-feira, com muita paz e saúde sempre!
    Um beijo. 🙏🌹

    ResponderExcluir
  9. Que encantador esse “Arabescos”! 💙 O modo como descreves padrões sinuosos e emoções subtis evoca uma dança delicada entre forma e sentimento — pura poesia visual e verbal. A leitura tornou-se quase uma contemplação artística.

    💜 Resto de boa semana!
    Com carinho,
    Daniela Silva
    🔗 https://alma-leveblog.blogspot.com
    🦋 Visita também o meu cantinho 🌸

    ResponderExcluir
  10. Arabescos, leves arabescos!
    Três momentos em que os vemos na urgência do tempo, com raízes ávidas, resvalando para os mares. Emaranhados na sua leveza e suavidade, vindos dos árabes ou do renascimento europeu, que importa, se na sua tatuagem vêm até nós na voragem do tempo, de folhagens artísticas e, por vontade do Poeta, trazendo na ponta dos dedos a inteligência desse ser marinho que sabe como passar despercebido.
    Excelente, caro José Carlos.
    Beijinhos
    Olinda

    ResponderExcluir
  11. Magnfico poema sobre el recorrido de la vida, los arabescos de cada vivencia o etapa que nos deja marcas en la piel y el alma, leerte siempre es una delicia
    La fotografía me ha recordado el legado maravilloso que nos dejaron los árabes
    Un abrazo

    ResponderExcluir
  12. E aí, poeta, beleza?

    Beleza de poema usando por tema esses entes artísticos tão admiráveis que são os arabescos. Memória, arte, permanência.

    abraços

    ResponderExcluir
  13. Eros, o “Leves arabescos”, essa dança poética entre o efêmero e o enigmático, onde o tempo é urgente, a ausência tem vestígios, e até um polvo se mete a artista com tinta nos tentáculos. Claramente, a existência é uma rave silenciosa num penhasco, e os arabescos? Eles flutuam por aí como se tivessem algo melhor pra fazer.

    Resumindo: um poema tão leve que você mal percebe que está sendo empurrado existencialmente penhasco abaixo.

    Abraços do amigo
    Daniel
    https://gagopoetico.blogspot.com/2025/07/silencios-de-inverno.html

    ResponderExcluir
  14. Olá, amigo José Carlos, gostei muito de Arabescos, desse
    seu belíssimo poema, uma mostra clara do talento do poeta
    moderno que prestigia a poesia contemporânea.
    Grande José Carlos!
    Votos de uma ótima semana.
    Grande abraço, amigo!

    ResponderExcluir
  15. Um poema com arabescos também pode ser bom. E este poema é disso a prova.
    Excelente, gostei imenso.
    Boa semana.
    Um abraço.

    ResponderExcluir
  16. “Leves arabescos” é um poema de contemplação e perda, de insistência sutil contra a efemeridade. A delicadeza do título é apenas a superfície de uma obra que mergulha nas profundezas da existência, com seus abismos e deslizamentos. É uma poesia que não grita, mas sussurra — e justamente por isso, ressoa. Maravilha, querido poeta! Beijos e minha admiração

    ResponderExcluir

O País arde!

               Imagem Pixabay                          Da minha cumplicidade com o texto de Olinda Melo, publicado hoje no seu blog Xaile de...