Cintila a tarde em gozo,
a espuma transborda
pelos vãos das portas,
transpassa o silêncio,
veste uma página
em branco
e se põe a dançar no pátio
esgarçando a tule
que a veste
com as pontas dos dedos.
E canta o malho,
e resfolega o bandoneon
e transborda a taça
em macios borbotões.
Lento o rio oculto da
seiva
flui depois de um grito
prolongado.
José Carlos Sant Anna
11/outubro/2025.

Um poema pequeno, mas com uma criatividade longa.
ResponderExcluirMuito bonito!
Boa semana....
Um poema que pulsa entre o silêncio e o excesso, onde a tarde ganha corpo e movimento.
ResponderExcluirA dança da espuma, o sopro do bandoneon e o grito que deságua em seiva compõem uma cena sensorial e quase ritual, em que o instante se expande para além da página.
Uma leitura que convida a sentir ,mais do que a decifrar, e a permanecer nesse eco que se prolonga.
Gostei!
Boa semana com saúde e paz.
Um beijo.
:)
Boa tarde querido Eros,
ResponderExcluirQue belíssimo texto!
Há nele uma musicalidade quase táctil a tarde cintila como um corpo vivo, a espuma se transforma em metáfora da emoção que transborda pelos limites do tempo e da matéria. O movimento da linguagem, ora suave, ora vigoroso, nos faz sentir dentro da cena, como se a própria palavra dançasse com o vento no pátio. O diálogo entre som e silêncio é magistral o “bandoneon”, o “malho”, o “grito prolongado” tudo ressoa em um compasso interno, como se a poesia fosse o som da vida que insiste em pulsar mesmo quando se cala.
Um texto de imagens potentes, onde o lirismo e a sensualidade se entrelaçam com a precisão de quem conhece o ritmo da alma.
Abraço
Nanda
A dança da vida, num desenho poético e significativo.
ResponderExcluirUm poema perfeito.
Bjs, marli
Não me atrevo a decifrar metáforas poéticas , deixo ao sabor da imaginação sem querer entender o que o poeta quis dizer.
ResponderExcluirFico só com o grito.
Tarde movimentada, ou dorida, que tem de desaguar em lenta performance a fim de que o repouso vivifique a alma.
ResponderExcluirBeijinhos, amigo José Carlos.
Bravíssimo querido amigo.
ResponderExcluirA poesia sempre lê
a gente e as situações
lindamente.
Bjins
CatiahôAlc.
Forte este poema!
ResponderExcluirNo virar de cada verso sente-se a força que
dele se evola. A tarde desempenha um papel´
importante, que se entranha pelos vãos das
portas e encanta o silêncio. Prevalecem os
sons no exercício da arte de sedução. O canto
da vida se impõe e lança o seu brado na intensificação
do ritmo do tango...ou da milonga.
Dias felizes, meu amigo José Carlos.
Beijinhos
Olinda
Escrever no vértice de uma dança. Assinalar o destino de um grito. Um grito deslumbrado perante os gestos, levemente inquietos, levemente inocentes, tangíveis ao fascínio da música, ao prazer cúmplice e sensual enredado na linguagem da emoção como um sinal secreto.
ResponderExcluirTão belo, meu Amigo José Carlos!
Tudo de bom.
Um beijo.
Olá, querido amigo JC,
ResponderExcluirbelíssimo poema, e pela força da imagem,
aposto num extraordinário tango, só um tango
para colocar tanta força, tanta sensibilidade.
Um feliz fim de semana,
bjs, amigo.
Mientras te leía, me pareció oír el bandoneón y me imaginaba con los ojos cerrados una pareja beilanco un dulce tango
ResponderExcluirMe ha gustado muchisimo
Un abrazo Juan Carlos
Boa Noite de paz, amigo José Carlos!
ResponderExcluirSenti seu poema em toda sinestesia dele.
As borbulhas de amor na taça...
O som efervescente do bandoneón ...
Todo o cenário composto que insere o casal na intensidade do tango...
Muito bonito e sensível poema.
Tenha um final de semana abençoado!
Abraços fraternos
Olá, amigo José Carlos, gostei muito deste
ResponderExcluirsingular poema, que deve falar sobre pessoas
da Rua Corrientes de Buenos Aires onde o
Bandoneon que lembra Juan D'Arienzo com sua Orquestra
Típica marcando o ritmo do tango.
Excelente postagem.
Votos de uma ótimo final de semana,
Abraços, amigo.
Gostei deste grito.
ResponderExcluirA imagem tem movimento e paixão-
Bonita partilha.
Abraço e brisas doces ****