A luz.
Lá, sob a porta,
a perder-se de si
e, ao
fundo,
a foto em preto e branco
a perder-se de nós
e desaproximam-se no vácuo
as formas da voz.
E se movem.
Daqui eu vejo a imagem
imprecisa.
O que vês, meu bem?
O que soa estranho?
Oh, Odete, que falta faz o
que
não se aprende na escola
ou nas dobras da lama ou do limo
ou no avesso do instante
Foi por isso que você voltou?
Tomo o seu tempo?
Não me deixe,
por favor!
Tomar o meu tempo?
São poucas as linhas da meada
São urdiduras nas palavras medidas
no arcabouço ou no calabouço
a ferir-me desde dentro.
José Carlos Sant Anna,
28 de outubro de 2025


