Imagem Pixabay
Até quis escrever igualmente a
dois dias
uma canção para um café "correto"
que esfriava na xícara. E assim
escreveria
a canção para subverter
as nuances da moça de
Mangabeira.
Sem engano, porque há de ser
assim,
embora até então
eu não soubesse a razão do
sentido.
E com menos ou mais poesia,
sob um sol de inverno a
espreitar
a luz que cintila no infinito,
diria do sortilégio que é um belo
horizonte
para travesti-lo sob o sol frio
deste dia úmido.
Ao escrevê-lo estaria eu parafraseando o papa
na sua voz branca, em gesto
antigo,
na praça que leva o seu nome nas
alterosas,
mas o vento afastou para longe
o prazer da rubiácea sem
arrefecer seu perfume,
mantendo a obstinação do
presente.
Então, confesso, talvez
esteja na hora
de pedir outro café, tirado na
hora,
e procurar, entre nuvens brancas,
as palavras perdidas
para fechar o poema cuja chama
me queima.
José Carlos Sant Anna,
5 de maio de 2025.